TCC LITERATURA INFANTIL
Literatura ato pedagógico ou entretenimento?
O que é exatamente literatura infantil? Há muito tempo este tema vem sendo discutido por estudiosos na área e segundo os grandes autores do assunto literatura não é apenas um conteúdo pedagógico. E isso ocorre, segundo Lajolo e Zilberman tendo em vista que:
A educação é um meio de ascensão social, e a literatura, um instrumento de difusão de seus valores, tais como a importância da alfabetização, da leitura e do conhecimento (configurando o pedagogismo que marca o gênero) e a ênfase no individualismo, no comportamento moralmente aceitável e no esforço pessoal. Esses aspectos fazem da literatura um elemento educativo, embora essa finalidade não esgote sua caracterização (Joseane Maia, 2007, pag48)
Reconhecendo ou não o caráter pedagógico da leitura para crianças e jovens a convicção que se chega é de que quanto mais cedo induzimos a criança ao ato de ler maior é a possibilidade de sucesso.
Nos dias atuais, podemos perceber nitidamente que a criança se estimulada, desde seus anos iniciais ao fantástico mundo da leitura, mais facilidade terá em desenvolver o prazer pelo ato de ler; e para que isto ocorra necessário se faz que ela tenha bons exemplos tanto dentro como fora de seu convívio familiar, onde os adultos devem assumir sua responsabilidade perante a criança, levando em consideração que ela se espelha em exemplos dos mais velhos.
Portanto, se os adultos adquirirem o hábito de comentar sobre um livro com entusiasmo, a criança automaticamente despertará seu desejo em conhecer do que se trata, de início por curiosidade, depois como fonte do saber, e então por prazer.
As crianças têm suas preferências de leituras assim como os adultos, e precisam ser respeitadas e neste campo cabe ao professor a importância em trabalhar diversos gêneros e autores ampliando seu repertório textual.
Esse cuidado é importante, se de fato, quisermos formar leitores. Oferecer diferentes obras, estimular leituras diversificadas, desenvolver atividades em sala de aula com determinados gêneros é de fato, imprescindível, mas desqualificar os leitores por causa de suas preferências, ou querer obrigá-los a ler em seus momentos de lazer aquilo que achamos mais importante, pode ser desastroso no trabalho de formação de crianças leitoras.
“A criança pequena é por natureza, uma entusiasta pela leitura. Rodeada por símbolos que ainda não conhece, sonha com o dia em que conseguira decifrar as letras e com elas compreender o significado de cada palavra escrita”. (Patrícia Engel Secco, 2009, p. 6).
Para tanto é necessário mostrarmos este mundo da leitura à criança de forma prazerosa, de maneira lúdica, onde possa despertar o encantamento; de início criando um elo entre o ato de ler e o prazer por este ato, pois no mundo em que vivemos a tecnologia (informação instantânea), os novos hábitos adquiridos (consumo ), pela sociedade parece nos afastar da leitura ,das brincadeiras com os amigos ,os passeios, até mesmo o ato de conversar olho no olho;estes valores vem mudando a cada geração nos levando a um egocentrismo desenfreado onde o tudo descartável.
Assim, a tarefa de revelar às nossas crianças como pode ser prazerosa e encantadora a companhia de um bom livro não é fácil, é preciso dedicação por parte de todos que convivem com a criança. O ato de ler é fundamental para aluno , professor e qualquer ser humano que deseje ser mais preparado para a vida em sociedade.
Segundo Nelly Novaes Coelho, as crianças do século XVII, e as de hoje continuam lendo as mesmas coisas que antigamente; o que se vê é que apenas houve uma nova roupagem na literatura ela ainda é a manutenção do pensamento dominante na sociedade sendo realizada por um mecanismo que disfarça seu caráter doutrinário.
Acredita-se que seja possível unir os elementos da educação às características próprias da literatura. Se uma história infantil é somente educativa, com aqueles tipos de moral forçada, poderia não ser interessante para a criança. No processo de alfabetização, é preciso estimulá-los na imaginação, nos sons e nas composições das frases. Inculcá-los a ler desde pequenos.
Para tanto o professor deve conhecer bem o ponto que deseja atingir com sua aula e é de extrema importância esse conhecimento, pois a literatura nada mais é do que conteúdos doutrinados que partem da doutrina ou costume empregue em uma sociedade, a literatura apenas adéqua tal conteúdo de forma mascarada, de modo que a criança compreenda sem se desinteressar pelo conteúdo não percebendo o discurso de forma tão dura como o adulto faz.
A escola tem um papel muito importante, contribuir para que a criança faça a leitura do seu mundo, compreenda a sua realidade valorize a sua história de vida.
Através da Literatura Infantil é possível inserir a criança no universo da leitura, proporcionar a oportunidade de ouvir histórias, de comunicar-se, adquirir novos conhecimentos, tornar-se mais crítico e participativo. Conseguir resolver seus problemas com mais facilidade, confiança e criatividade.
“A literatura infantil é, antes de tudo, literatura: ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.” (Coelho 2000)
Ao realizar atividades com histórias infantis, contos, fábulas e outras literaturas, levam a criança a refletir sobre certa circunstância, adquirir um pensamento lógico, o hábito de ouvir, estimulará oralidade, a sensibilidade, à socialização, desenvolver a capacidade de pensar, refletir e interpretar o mundo ao seu redor através da fantasia e da imaginação.
Trabalhar com literatura Infantil em sala de aula é criar condições para que se formem leitores de arte, leitores de mundo, leitores plurais. Muito mais do que uma simples atividade inserida em propostas de conteúdos curriculares, oferecer e discutir literatura em sala de aula é poder formar leitores, é ampliar a competência de ver o mundo e dialogar com a sociedade. (GREGORIN, 2009, p. 77)
A escola é, hoje um espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, de maneira mais abrangente do que quaisquer outro, pois a literatura estimula o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações.
O mundo social atua sobre as crianças, e sobre todos nós de maneira dinâmica, contraditória e ativa; e a literatura tem um dinamismo próprio que vai favorecendo sua interação ativa com o meio exterior. Isso quer dizer que as crianças participam da construção de seus conhecimentos como sujeitos ativos, usando de esquemas mentais próprios de cada etapa do seu desenvolvimento.
Porém, acima desta polêmica, coloca ao professor ou, mais amplamente, á escola, o dever de não só respeitar os saberes dos educando, mas induzir a analisar criticamente o meio em que vive.
“Não posso escapar á apreciação dos alunos. E as maneiras como eles me percebem tem importância capital para o meu desempenho. Dai, então que uma de minhas preocupações centrais deva ser a de procurar a aproximação cada vez maior entre o que digo e o que faço entre o que parece ser e o que estou sendo. “(Paulo Freire, 1996, p.96).
Neste sentido, define-se que os professores são os principais responsáveis pela promoção dessa prática e a escola é o principal espaço para que ela aconteça enfatizando a leitura como instrumento de transformação das pessoas em sua realização no mundo.
As rodas de leitura e contação de histórias podem ser um grande passo para discussões entre os alunos e o docente, fortalecendo seus vínculos.
Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. No entanto para enriquecer sua vida, deve estimular a imaginação, ajudá-la a desenvolver seus conflitos sociais e morais e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam.
Haja vista que se queremos ter leitores interessados, devemos estimular desde os anos iniciais de sua vida as relações prazerosas com o livro infantil, num universo onde sonho, fantasia e imaginação se misturem a realidade e o vivenciar seja tão intenso que a alegria não se esgote no primeiro livro e consiga “aprisionar” esta criança no mundo fascinante da leitura sempre buscando mais e mais emoção e conhecimento através da leitura.
Para tanto a visita á biblioteca com os alunos é indispensável, lá será capaz de percebermos as preferências de nossos educando e ajudarmos aos indecisos com incentivos e comentários acerca de tal livro sobre o qual o aluno mostrou interesse, feito isto, a chance de que nosso querido leitor chegue ao fim do livro são enormes e motivo de comemoração. E para esta comemoração nada melhor que compartilhar com os colegas.
Quando falamos de crianças leitoras não podemos nos esquecer das mais habituadas à leitura que também não podem ser deixadas; uma vez adquirido este gosto pela leitura tem que ser regado de tal maneira a não cair no esquecimento ou em uma troca de hábitos (tecnologias), e cabe também ao professor proporcionar ao aluno este avanço ofertando, mais títulos que se refiram ao conteúdo pelo qual o aluno mostra interesse.
Não podemos nos esquecer que o mundo muda praticamente de forma instantânea e as crianças estão atentas a tudo, pois ouvem ,prestam atenção e tudo e sabem tudo.
Um fato que precisamos ter em mente é que não adianta ficarmos relembrando o quanto o livro foi bom em nossa infância e sim conduzir esta criança a aquisição de seus próprios conhecimentos e experiências vivenciadas pelas incríveis aventuras que só nossa própria imaginação pode proporcionar.
Em meio a tantas tecnologias só nos resta encaminhar nossos alunos a um bom senso onde a divisão do tempo possa ser o melhor caminho e nada melhor que utilizarmos da própria literatura para ilustrarmos isto, já que ela é o melhor meio para atingirmos a criança, como exemplo citamos aqui o livro, A caixa Preta; Andrade Tiago de Melo, que expressa com grande ênfase este discurso.
Livro este que mostra a importância da cultura como fator de agregação das comunidades. Elabora uma análise sensível e inovadora da influência da televisão no indivíduo e na sociedade em que vivemos, levando a reflexões sobre como lidar com esse poderoso e mágico meio de comunicação.
A história se passa em um planetinha azul onde a vida seguia tranquila, com muitas festas, brincadeiras, danças, músicas e imensa alegria todos os dias. A harmonia do Planetinha Azul, no entanto, é abalada quando uma caixa preta, feito um palito de fósforo riscando no céu, aterrissa ali, transformando a vida dos habitantes daquele planeta. Quando a caixa aterrissa no chão os habitantes curiosos se aproximam do objeto, e ao perceberem que este radiava luz e sons após apertarem um botão, passa a ser o centro das atenções, as crianças se refugiam nas cavernas por não verem tanta graça no objeto, continuando a fazer hábitos de costumes. O tempo passa; e os habitantes do planetinha a cada dia vão se tornando em pedras, até que um estranho ser aparece no planeta para retirada do objeto; este suga toda capacidade de pensamento dos moradores e os deixam ali petrificados e levam a caixa preta embora junto de todos seus os conhecimentos, As crianças saem das cavernas, e percebem que os adultos estão petrificados e tem pequenos buraquinhos na cabeça e começam a cantar em volta deles e a transmitir seus conhecimentos, e aos poucos vão lhes dando vida novamente.
Nesta linha de pensamento; de que literatura estimula a imaginação e alarga os horizontes do conhecimento do sujeito que demanda compromisso com a cultura universal. Cabe a nós professores mostramos a criança que a leitura pode ser algo prazeroso e de vinculo com a sociedade que a rodeia.
Embalados no pensamento de que a nossa consciência cultural que nos realiza de maneira integral entendemos a importância da Literatura na vida da criança no sentido de promover e dar continuidade aos valores culturais já adquiridos pelo homem através da história, a capacidade de relações humanas, de analise dos seus medos e angústias, alem de incentivar a criança na resolução de seus problemas.
O livro neste ponto se mostra o melhor meio de eternizarmos através da escrita a consciência de mundo. O homem em seus diversos estudos mostra que desde seus primórdios a escrita sempre foi o melhor condutor para eternizar valores culturais de uma geração para outra e ao analisarmos estes pontos veremos que a literatura foi seu principal veiculo.
Para isso, é preciso que o professor escolha livros que tenham qualidade literária, e que transforme as leituras em sala de aula em momentos de incentivos aos comentários e ás perguntas sobre o texto lido.
Para tanto, os profissionais da educação devem ter os seguintes critérios na seleção dos livros de literatura a ser adotados:
• Verificar o cumprimento político-ideológico das leis educacionais.
• Analisar a coerência das imagens em função dos PCNs;
• No que se refere ao texto visual, verificar se existe alguma manifestação de preconceito de qualquer natureza, pois tanto a LDB, como todos os seus desdobramentos preconizam uma educação democrática, livre de qualquer ato discriminatório.
No entanto cabe a nós no futuro, analisar e assumirmos este papel tão importante de transferirmos o que aprendemos às gerações vindouras de maneira consciente visando construir uma sociedade mais justa e igualitária de oportunidade a todos.
Enfim a visão que se tem é de que a Literatura é também pedagógica mesmo no caso em que ela se define como puro entretenimento, pois, ela transmite a mensagem de forma prazerosa à criança ao mesmo tempo em que, diverte sem condicionar a um conhecimento rígido, adulto, sem falhas.
Concluímos este Capítulo com uma frase que reflete toda teoria analisadas nas linhas acima.
. “Chegamos ao ponto em que temos de educar as pessoas naquilo que ninguém sabia ontem, e prepará-las para aquilo que ninguém sabe ainda, mas que alguns terão que saber amanhã.” (Coelho, Nelly Novaes 2000, p. 13)
Literatura como construção de mundo na vida da criança
Desenvolver a construção da competência leitora por meio da leitura requer atividades e atitudes que diferenciem esse habito rotineiro das obrigatoriedades do currículo e de um plano que esqueça a leitura como processo diário e vivencial sempre associado com o contexto social de cada vivenciador.
Neste sentido, considerando a importância da temática da leitura na sua justa medida, parece-me oportuno dar forma a uma das áreas mais interessantes da Educação atual, ou seja, arrolar uma forma de trabalho com as crianças, que privilegie as diversas formas artísticas que a leitura proporciona em suas diferentes manifestações na sociedade de maneira a relacionar, provocadoramente, ficção, e realidade, permitindo a criança possuir versões do passado e proporcionar visões do presente e do futuro.
Ao adentrar o vasto universo da literatura infantil, a criança será influenciada na busca do desenvolvimento humano, lhe será possibilitado universalizar os conflitos e sentimentos que acometem os pequenos leitores levando-os a compreensão do mundo, o que lhe permitira desempenhar um papel libertador e transformador na sociedade.
Segundo Bettlelheim os contos de fadas são a literatura infantil que mais consegue adentrar no inconsciente da criança, e lhes transmitir importantes mensagens á mente consciente.
À medida que as estórias se desenrolam, vão dando validade e corpo as pressões do id, mostrando caminhos para satisfazê-las, que estão de acordo com as requisições do ego e do superego.
Desta forma surgirão soluções que hão de amenizar suas tensões e ansiedades, além de lhe abrir um mundo mágico e atraente, que amplia os horizontes, desperta emoções e valoriza sentimentos e a capacidade de interação, tanto com o autor como com o professor e seus colegas.
Nos contos de fadas, como na vida, a punição ou o temor dela é apenas um fator limitado de intimidação do crime. A convicção de que o crime não compensa é um meio de intimidação muito mais efetivo, e esta é a razão pela qual nas estórias de fadas a pessoa má sempre perde (Bettelheim, Bruno, 1903, p.15)
As crianças se inserem na estória tornando parte dela, vivendo seus conflitos internos no personagem sofredor e regozija com a culpabilidade e punição do mal feitor.
È aqui que os contos de fadas têm valor inigualável, ajudando a criança a compreender seu inconsciente que ela não poderia compreender por si só, construindo sua intensidade e uma melhor direção a sua vida.
Pois através das estórias chegamos ao lado negativo da criança que deve ser trabalhado e não reprimido como muitos pais pensam, a criança precisa compreender a si mesma, falarmos somente do bem e das boas coisas não ajudaria a criança a compreender o mundo que a cerca.
Pois a vida não é só bondade ao contrario, é feita de coisas desagradáveis também, e todos nos temos nosso lado escuro mesmo que em nosso inconsciente, e o conhecimento é a melhor forma de nos ajudar a compreender a onde é o nosso lugar.
Analisando a [a literatura], podemos distinguir pelo menos três faces:
• Ela é uma construção de objetos autônomos como estrutura e significado.
• Ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão de mundo dos indivíduos e dos grupos.
• Ela é uma forma de conhecimento inclusive como incorporação difusa e inconsciente (Cândido, 1995, p. 244)
Baseado nesses pressupostos teóricos sobre a concepção literária e a complexidade de sua natureza, é conveniente direcionarmos uma concepção teórica mais especifica no que concerne à literatura para crianças.
A escolha de livros para crianças é imprescindível sua contribuição para a formação da personalidade ora integrando-a a realidade, ora transformando-a.
Mas para além de toda perplexidade que este assunto me causa, a literatura precisa ser analisada, explicada, compreendida, não somente com finalidades didáticas, todavia para que seja, na sua essência, entendida.
E é, justamente, neste encontro de pensamentos e reflexões, porque não dizer paradoxal, que fico a pensar qual caminho a seguir.
A maioria das crianças hoje em dia conhece só as novas versões dos contos infantis, transformadas em filmes ou colocadas em um livro de forma reduzida, onde a essência dos contos é transformada em ensinamentos vazios, sem virtude e encantamento; o que a seduzia a criança para o mundo literário.
Contudo cabe a nós reavivarmos na criança esse interesse ao mundo literário de forma a envolver a criança. Quando usamos de recursos para contar historia, estamos devolvendo nela este poder da imaginação e envolvendo-a, á este mundo fantástico da magia, que um livro nos pode dar passagem.
Os contos de fadas, á diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter (Bettelheim, Bruno, 1903, pag.32)
Através da contação de histórias, a criança entra em um mundo de magia, onde ela brinca com palavras, desenvolve sua imaginação e criatividade, expressando seus sentimentos, deixando por alguns instantes de ser ela mesma, para entrar no mundo dos personagens.
As histórias contadas através do lúdico atraem a atenção das crianças e podem se constituir em um mecanismo de grande potencial da aprendizagem, atividades lúdicas favorecem o desenvolvimento motor e psicomotor das crianças.
A Literatura permite o encontro da pessoa com ela mesma que nada mais é do que o amadurecimento intelectual do indivíduo que o conduzirá a uma liberdade capaz de fazer escolhas seguras e traçar metas.
Quando proponho usar de recursos penso em um elemento que cause admiração e no mesmo tempo entusiasmo na criança, como exemplo utilizaria de uma caixa cenário onde o desenrolar da historia vai acontecendo diante dos olhos da criança ora com sua participação, ou não apenas como telespectador atento de desfecho final, tendo em mente que seu pensamento reflexivo ainda não esta desenvolvido, e que só podemos transmitir preceitos ou conceitos através da ação, dos gestos ou exemplos, pois nessa faixa etária de 0 a 6 anos a criança ainda não é adepta ao discurso literário.
Pensando nisto criei, este recurso e executei com crianças do jardim I e com uma sala multifuncional e grande foi o resultado, o entusiasmo deles foi muito satisfatório, pude perceber como é de suma importância para criança vivenciar envolver-se neste mundo da leitura se tornando parte integrante da historia.
Sem duvida a criança pode tirar muitos exemplos das historias e criar muitas teorias sobre seu papel na sociedade e seus conflitos internos, encontrando assim soluções antes mesmo que se torne concreto em sua vida, Traduzem em toda sua essência estes conceitos um poema citado por Bettelheim em seu livro 1980 que diz;
“Criança da pura fronte sem névoas
E sonhadores olhos de espanto!
Embora o tempo seja veloz
E meia vida separa você e eu
Seu adorável sorriso bem certo saudará
O presente de amor de um conto de fadas”.
C.L Dodgsonm (Lewis Carrol), em Através do espelho
Daí a importância fundamental das ilustrações nos livros destinado a essa faixa etária, pois a ilustração não tem somente a função de encantar as crianças, a leitura de imagens é, naturalmente, uma das primeiras manifestações na criança, pois a imagem é uma representação semiconcreta, mais direta que o código verbal escrito, se apresenta de forma abstrata, essa representação visual na Literatura Infantil é carregada de significados dentro do contexto sócio cultural instigando a criança a desenvolver a sua linguagem, pensamento, reprodução, recriação e a transformação do mundo que a cerca.
Qualquer criação, antes de tudo, é, primeiramente, imaginada; nasce na idéia do seu criador. Assim como o escritor, o artista e qualquer outro profissional que usa a criação, o ilustrador usa a imagem guardada em sua mente, suas experiências de vida, ou seja, seu conhecimento.
Haja vista que aquisição da competência da leitura pelas crianças começa com a leitura de imagens, ou seja, pela descodificação pictórica e só depois adquire a competência da leitura verbal. A imagem é o elemento que permite à criança o primeiro contacto com o objeto. Possui um papel crucial na preferência, indiferença ou antipatia face à leitura do livro que ilustra.
As tecnologias do mundo moderno fizeram com que as pessoas deixassem a leitura de livros de lado, o que resultou em jovens cada vez mais desinteressados pelos livros, possuindo vocabulários cada vez mais pobres.
Alem do mais as crianças de hoje em dia convivem com um mundo de cores e imagens, os filmes mostram um mundo de efeitos especiais que cativam a criança, portanto cabe a nós professores e pais mostrar a criança outro mundo de encantamento onde ela pode ser autora de suas idéias e imaginações.
Pois somente através da leitura podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação, uma leitura bem feita cativa qualquer pessoa, pois desperta a curiosidade e acentua a atenção.
Portanto na escolha de uma literatura infantil no sentido de agradar as crianças, é necessário o condimento da alegria, da mobilidade, da surpresa, do interesse, em face das situações ou desfecho imprevisíveis em que traga no seu conto um inicio, meio e o fim.
È exatamente nesse período (iniciado na infância) que a literatura infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo á sua volta. O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más, belas e feias, poderosas ou fracas, etc. facilita á criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou convívio social. (Coelho 19981 pag.31)
Deixar a criança expressar suas expectativas acerca da leitura de um livro ou um conto, é incentivar a sua imaginação, deixar com que ela faça seu reconto da história, faz que crie autonomia de seus atos, as crianças, enquanto interagem no mundo dos símbolos e da fantasia, expressam suas opiniões e ao mesmo tempo em que a criança se sociabiliza durante as ações que realiza, também vai construindo suas subjetividades e seus significados acerca do mundo em que vive.
O conto de fadas é terapêutico porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a estória parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida. O conteúdo do conto escolhido usualmente não tem nada que ver com a vida exterior do paciente, mas muito a ver com seus problemas interiores, que parecem incompreensíveis. (Bettelheim, Bruno, 1903, pag.33)
Sendo assim os contos contribuem para a formação da personalidade, para o equilíbrio emocional, isto é para o bem estar da criança, é importante salientar que a criança constitui através da leitura, significados que podem melhorar sua qualidade de vida, propondo um resgate da auto-estima e do autoconhecimento, conscientizando-a de que todos são capazes de superar suas próprias dificuldades e limitações, levando-a a encontrar caminhos que despertam a compreensão de si e do mundo e as novas descobertas que contribuirão para o seu conhecimento e crescimento pessoal e social.
A leitura deve ser uma atividade agradável de lazer, mas a prática regular de leitura vai construir fluência, vocabulário e compreensão de textos progressivamente mais avançados.
Isto será uma preparação para a grande e variada demanda de leituras de não-ficção do material acadêmico na escola, bem como uma edificação do amor pela leitura ao longo da vida. Incutir hábitos regulares, e trabalhar juntos para atingir metas, como uma família, porá a criança no caminho certo.
Quando lemos um livro como a caixa mágica que citei no primeiro capitulo deste trabalho despertamos a criança dos dias atuais a um mundo de novas coisas.
Onde se abrem as cortinas para um mundo primitivo aos os olhos de muitos adultos, e, no entanto novo as crianças, onde se oferece uma nova alternativa de entretenimento através da ação no mundo real da interação com os outros, um mundo que pode ser divertido, onde ela possa ser parte integrante de uma história e não simplesmente telespectadora, ela é convidada a identificar-se com seus protagonistas, não recebe só esperança, mas também lhe é dito que através de sua inteligência ela pode chegar à vitória.
E para que este conceito tenha significado á criança, cabe ao professor ensiná-la a vivenciar tais situações sem fazer referencias com ensinamentos de suas próprias reflexões, apenas deixando a criança construir seus próprios significados, como no caso deste livro ensinar brincadeiras, cantigas de rodas no cotidiano da sala de aula para que ela automaticamente tire suas conclusões.
A tarefa de aprendizado da criança nada mais é do que desenvolver sua autonomia para tomada de decisões acerca de mover-se por conta própria, no tempo devido, em direção aos caminhos que ela mesma deve escolher.
È muito importante a criança conhecer o mundo dos signos a temática é a da aquisição da competência de “entender o mundo”. Ela precisa encontrar na leitura uma definição para as situações que acontecem no cotidiano.
Portanto é preciso que os pais e professores percebam que contar histórias é necessário, pois esse momento se converte em um precioso auxiliar do desenvolvimento infantil, que ela faça seu processo de autovalorização, tomando consciência, por meio da fantasia e situações inconscientes.
Daí a importância da criança exercitar atividades que levem no a compreender que a evolução se dá em processo, capacitando e confrontando com os desafios oferecidos pela vida, a própria LDB preconiza a necessidade de que temas inerentes sejam discutidos em sala de aula, assim a literatura faz-se um importante meio de veiculação com os desafios propostos no cotidiano.
Através da palavra do outro a criança se apropria da cultura para aprofundar os traços culturais e psicológicos da sua espécie.
Contudo as pesquisas mostram que um leitor se forma até os doze anos de idade (dados da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), sendo, pois, fundamental que a criança trave contato com o livro desde os primeiros anos de vida, (Joseane Maia, 2007, pag.51).
Portanto é de suma importância o incentivo a criança ao mundo da leitura tanto no ambiente familiar como na escola. Os professores quando utilizam de recursos para contarem historia induz as crianças, a desenvolver um aspecto crítico onde ela pode pensar duvidar, se perguntar, questionar sobre a atuação do professor e sobre sua própria atuação na hora do reconto,pode-se afirmar que no texto literário há um trabalho estético com a linguagem, que sucinta o imaginário, desperta emoções, possibilitando a fruição de sentidos múltiplos, pode ultrapassar a aquisição e domínio de um código escrito.
Afirma, então, que a literatura para crianças e jovens oferece um novo caminho para a criança dominar a escrita, uma vez que o texto literário tem duas credenciais básicas: o conteúdo desperta interesse e atenção tanto para as características sintático-semânticas da língua escrita, quanto para as relações existentes entre a forma linguísticas e a representação gráfica, (Joseane Maia, 2007, p.55).
Isso significa que todas as atividades propostas em sala de aula no que se diz respeito à alfabetização quanto ao envolvimento à obra literária facilita a construção de um conhecimento de natureza conceitual e na formação de vivencias do convívio da criança com o mundo que a cerca acarretando na compreensão de como a sociedade se organiza a cada geração, atribuindo assim valores que para a criança vão fazem sentido na medida em que ela começa a entender o mundo.
Alguns valores estão presentes na maioria das culturas, como a coragem, a perseverança, a compaixão, e podem ser vistos sem duvida na maioria das literaturas infantis, mas de forma nenhuma podem ser tratadas como verdades inquestionáveis. Acima de tudo, as individualidades precisam ser respeitadas, os adultos têm que entender que o gosto pela leitura não se da à força tão pouco se deve impor valores de forma autoritária não dando a criança liberdade de escolha, de construir sua própria identidade.
Quando a criança se insere ao mundo da leitura ela vai ganhando conhecimento e abrindo horizontes que a cada dia desperta mais vontade de conhecer sobre novos assuntos ou historias e isso deve ser incentivada em todas as suas fases.
Para que no momento em que ela se torne adolescente não perda esse entusiasmo ao contemplar um livro de muitas pagina sem ilustração alguma, ela tem que aprender que as letras também podem expressar sentimentos, imaginação e prazer.
Há quem desanime só de ver o número de paginas de um livro, ou o tamanho da letra, ou o fato de não ter ilustração, é neste sentido que precisamos conduzir a criança através deste mundo de cores e dilemas gradualmente respeitando seu desenvolvimento intelectual.
Enfim a literatura tem um papel fundamental na formação da criança tanto no campo de um individuo social com responsabilidades e deveres, como no campo emocional, onde ela avança seu conhecimento gradualmente adquirindo valores culturais e morais a partir de seu entendimento da vida.
E cabe a nós despertar este amor pela leitura através de nossas atitudes de compartilhar experiências de vivencias através das histórias de forma que leve ao amadurecimento intelectual sem criar bloqueios ou desprazer pela leitura.
Para tanto o adulto deve compreender seu papel de mediador neste caminho ao conhecimento, apontando para mudanças da mentalidade,quando se fala de leitura, conduzindo “o leitor de amanhã “a uma conscientização de sujeitos, críticos e, capazes de lutar por uma sociedade que seja mais justa e independente
Conclusão
Partimos do ponto de que a criança é um ser em desenvolvimento, que o saber não é algo que está concluído, terminado, e sim um processo em incessante construção e criação produzidas pelo indivíduo e o universo das interações vivenciadas na sociedade.
Esta construção é realizada através da ação e não por dons concedidos anteriormente ao sujeito, presentes na constituição dos genes ou no ambiente em que ele cresceu. Conclui-se daí que a criança pode construir seu conhecimento, atuando, executando, compartilhando este saber a partir do ambiente social em que vive e da relação com os professores e os colegas. Assim mestres e aprendizes atuam juntos na construção de conhecimentos na sala de aula.
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. ((Paulo Freire, 1996, p.22).
Referencias
Literatura na formação de leitores e professores/Joseane Maia. São Paulo: Paulinas, 2007. -(coleção Literatura & ensino)
Literatura infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores/José Nicolau Gregorin filho-São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009.
Literatura infantil: teoria analise didática/Nelly Novaes Coelho. -1. Ed - São Paulo: Moderna, 200.
A literatura infantil: história, teoria,analise:das origens orientais ao Brasil de hoje/Nelly Novaes Coelho-São Paulo:Quiron:Brasília:INL,1981.
Pedagogia da autonomia: saberes necessários á pratica educativa/Paulo Freire. -São Paulo: Paz e Terra, 1996(coleção leitura)
Patrícia Engel Secco. Amigos Livros, Fundação Educar Dpaschoal, 2009.
A psicanálise dos contos de fada/Bruno Bettelheim:tradução de Arlene Caetano.rio de Janeiro:Paz e Terra,1980.
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